O Príncipe do Plástico

Matéria retirada do site NOO.com.br

O francês Regis R. faz sucesso lá fora. Colaborou com Phillipe Starck nos restaurantes Paradis du Fruit e Mama Shelter, fazendo os desenhos das paredes. Expôs na Centre Pompidou, em Paris, participou da International Biennale of St. Etienne, na França, fez as vitrines da loja Le Printemps, e até ganhou o apelido de ‘Prince of Plastic’ – é que ele cria um pouco de tudo com um pouco de tudo.

Cercado de plástico, cordas, pedaços de papel, o artista plástico cria instalações, esculturas e ilustrações usando apenas lixo. Derretendo, cortando, dobrando e juntando objetos jogados fora, preferencialmente de plástico, Regis transforma restos em obras-primas. E foi mais ou menos assim, que o encontrei no meio do barracão da Pimpolhos da Grande Rio, a área mirim da escola de samba. O gringo não estava sozinho, havia também uma inglesa e uma alemã, integrantes do programa de residência artística da ONG Pimpolhos, que ajuda a produzir as fantasias e alegorias da escola para o Carnaval. Mais de 50 artistas nacionais e internacionais, de diversos meios – teatro, pintura, multimidia – já passaram pelo programa que encoraja o diálogo da arte com o carnaval.

Régis não poderia estar mais em casa: com o enredo ‘As Maravilhas da Pequena África II‘, sobre as transformações da zona portuária e sua importância para o nascimento do samba e do carnaval, o desfile será feito totalmente de material reciclado – resquícios das festas passadas, lixo produzido pelo próprio barracão ou doado por organizações e marcas parceiras. Assim, jornais antigos viram uma saia para a porta-bandeira da escola, e chaves tornam-se detalhes decorativos de outra fantasia.

Encarregado de criar os adereços de mão para os personagens da comissão de frente, que presta homenagem às figuras que fazem com que um carnaval aconteça, desde o mestre da bateria ao marceneiro, Régis está animado. “O Brasil é o país mais importante para a reciclagem”, explicou, referindo-se ao trabalho informal de catadores e pessoas de baixa renda que sobrevivem do lixo. Mas isso, Vik Muniz já nos ensinou.

E já que todo carnaval tem seu fim, depois que a festa acabar, Régis continuará emprestando suas cores para os brasileiros. Nos projetos estão um comercial para um restaurante carioca e um backdrop para uma novela da Record. É esperar para ver, enquanto isso, preste atenção no desfile da Pimpolhos da Grande Rio, a terceira escola a desfilar na terça de carnaval, dia 12 de fevereiro.